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Uma crônica sobre o filme Ainda Estou Aqui

Foto do escritor: Jessica SerraJessica Serra

O que dizer de um filme no qual uma mulher não chora?


Contradizendo todo o senso comum, o filme Ainda Estou Aqui nos mostra que algumas emoções não extravasam. Alguns sentimentos ficam guardados, ou mesmo aniquilados. Porque, na prática, não há maneiras minimamente possíveis de acessá-los. Assim é o abuso psicológico: não há espaço para lágrimas porque uma parte sua morreu, entretanto, há uma outra que continua viva, tendo que seguir e sorrir.

 

A outra parte, aquela morta, não sabe como morreu. Ela não dá notícias de si. Dessa forma, essa mesma parte permanece enterrada, para que não haja dúvidas sobre o seu paradeiro. Ali, pelo menos, há uma certeza, nem que seja a certeza velada.

 

Então, a parte que fica segue seu rumo. Ela quer lavar a alma, mas as cicatrizes são profundas. Ela observa as outras pessoas felizes. Como podem se sentir assim? Como poder sorrir, diante de tudo que está acontecendo? Sente inveja. Não sabe qual é o sabor do sorvete. Ainda assim, está viva. E permanece sem saber qual era o sabor até os seus últimos dias.


Exibição ao ar livre do filme Ainda Estou Aqui

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